Vestibular

Nós colegas, amigos, ex-alunos, hoje, professores dos cursos de Filosofia do Instituto Superior de Formação Humanística da Universidade Católica de Pelotas (ISFH/UCPel), vimos nos solidarizar com os familiares do Professor Osmar Miguel Schaefer, pelo seu falecimento ocorrido no último sábado, 06 de março. 

Sua perda é uma perda entristecida, irreparável e peculiar: um filósofo educador nos deixou! E com ele toda uma história de cultura, de conhecimento, de diálogo, de respeito e de responsabilidade por quem apenas queria ensinar filosofia. Enquanto ensinava certamente aprendia, nos apreendia, nos empreendia. Certamente também, nos libertava porque nos perguntava e fazia-nos pensar, estudar e não repetir, o que para ele era uma experiência freireana do diálogo. 

Educação era seu trabalho. Fenomenologia era seu método, por meio do qual levou muitos de nós a uma experiência única e particular do conhecimento, que aprendeu e que repartiu em toda sala de aula que entrou. Para ele, todos nós éramos um particular do mundo e de nosso tempo. Por isso, se colocou a nos provocar a pensar e agir universalmente.  Ensinou a democracia e a dificuldade de sermos gente num mundo ausente de perguntas.

Foi autor de seu tempo, produzindo, escrevendo e estudando. Não se fez de rogado com o destino que o arrancou da pequena Vera Cruz para ir longe e voar com o que a filosofia lhe chamava.

Trouxe-nos de sua viagem e ensinou algumas gerações de alunos da Católica e da Federal de Pelotas a discernir nosso tempo e nosso mundo e o que nos orienta ainda, mais do que nunca, para a necessidade da filosofia e de não nos reduzir à estupidez de um mundo hoje meio/muito tosco de intolerâncias, de fundamentalismos (que lhe deveriam chocar amargamente pelo que nunca esteve tão longe de seu discernimento e sua produção acadêmica).

Nos ensinou a fazer instituições e problematizá-las. Católica e UFPel foram parte de seu mundo de construção e por elas labutou conhecimento, experiência, sabedoria e honradez. Nos fez ver com isso o mundo, a cidade que estava à nossa volta.

Deixou filhos, esposa, netos e um grande sorriso que ao nos encontrar exclamava: “que privilégio!”, quando, de fato, os privilegiados éramos nós.

Seu legado é inestimável, pois nos ensinou a ensinar e a buscar filosofia. Que toda sabedoria transmitida, no seu tempo entre nós, seja preservada. 

Ao Osmar nossa gratidão e nosso carinho. Em nosso coração fica a lembrança de uma alma sorridente com seu cachimbo, e na nossa mente fica o desejo de encontrar a mesma sabedoria que o fez tão humano e tão especial para todos nós! Descanse em paz! 

Direção do Instituto Superior de Formação Humanística e professores dos cursos de Filosofia